Lá fora, uma pandemia arrebata o mundo. Aqui dentro, estou em um jardim florido, O Jardim de Chloe, na companhia de um gato malvado, um elefante medroso e várias bonecas.
Lá fora, um vírus contamina a população, levando muitos aos hospitais e outros ao fim dos seus dias na Terra. Aqui dentro, desvendo as razões que podem levar uma adolescente a incendiar sua própria casa, enquanto também aprendo sobre ‘’pequenos incêndios” que existem nos relacionamentos e “por todo lado’’.
Lá fora, políticos debatem sobre vacinas, sobre corrupção, sobre protocolos de saúde e sobre o desemprego que aumenta a cada minuto dessa pandemia. Aqui dentro, afortunada que sou por ter um lar e comida na geladeira, estou na Índia, em busca de espiritualidade e sentido à minha existência.
Lá fora, em pleno 2020, os crimes contra mulheres aumentam de forma assustadora. Tanta tecnologia, tanto conhecimento, tanto estudo, milênios de evolução envolvidos, e o feminicídio continua, desgraçadamente, no noticiário cotidiano. Aqui dentro, mulheres correm com lobos, conhecem o poder do seu instinto, da sua energia criadora e se descobrem cada dia mais fortes e mágicas.
Lá fora, negros lutam por respeito e igualdade, necessidades básicas e direitos fundamentais que, em pleno século XXI ainda estão longe de ser a regra. Aqui dentro, Ifemelu vai da Nigéria para os Estados Unidos e vive seu longo caminho de batalhas contra a discriminação e o racismo para se manter imigrante naquele país, para estudar, se desenvolver e voltar ao seu país como uma mulher forte, independente e competente.
Não há dúvidas, Ray Bradburry estava certo ao afirmar que precisamos estar “embriagados pela escrita, para que a realidade não nos destrua”.